Sexta-feira
Hoje
ao vivo de Grenoble, França.
Cheguei. E, depois de incontáveis horas sem dormir, ainda tive energia para andar pela cidade, com a ajuda do Sidinei, um gaúcho que faz doutorado aqui em Grenoble.
Grenoble é linda. A cidade é cercada por três grandes montanhas que fazem com que sempre fique um background alpino no olhar de quem anda pelas ruas. Ao final de cada avenida sempre há uma montanha.
Pena que ainda não posso fotografar nada. Não consegui comprar uma câmera, mas o farei nos próximos dias.
Conheci o campus universitário, e o que vi foi uma universidade pública, mas moderna. Prédios que, por fora, parecem atirados, são bem conservados por dentro. O ambiente é extremamente agradável, com muita grama, árvore e trenzinho circulando.
É muito bom andar pelas ruas com africanos, árabes, chineses. Em alguns momentos, tive a impressão de estar em um pequeno mundo, comprimido na pequena cidade, agora um pouco deserta devido às férias de verão. Conversei com uma senhora portuguesa que vive aqui há quarenta anos. Ficou feliz ao ouvir o som do português do Brasil, falado por mim e pelo Sidinei.
Ao mesmo tempo, começo a entender meus desafios para os próximos meses. Terei de superar a burocracia francesa, a saudade das pessoas do Brasil, o custo de vida elevado e tudo mais. Mas só estando aqui para entender outro fator bastante importante: a tensão que existe em relação a estrangeiros. Apesar de ela não ser nada agradável, considero interessante pensar nas razões de sua existência. Lembrei-me dos sans papiers de Vitor Hugo, e do filme Caché, um dos meus preferidos.
Calor em Grenoble. Aqui, às onze e meia da noite, já são cinco horas mais tarde do que no Brasil. Ouço a ópera Porgy & Bess, dos irmãos Gershwin, na versão de Miles Davis.