segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Prova de quê?

Estudar na França é melhor do que estudar no Brasil. Estudar no IAE de Grenoble é mais proveitoso do que estudar na EA/UFRGS.

Em 5 meses de aulas, tenho a impressão de que já aprendi muito mais do que aprenderia em um ano no Brasil. Falo da quantidade de informação retida pelo meu cérebro e da quantidade de habilidades adquiridas. Sim, porque as aulas do IAE são muito mais densas, e os professores parecem falar com mais confiança e embasamento. Além disso, as matérias que escolhi têm um conteúdo mais técnico, se comparadas com aquelas que fiz no Brasil.

Entre as competências que eu avalio ter alcançado está a capacidade de gerar e de interpretar, com razoável lucidez, qualquer informação financeira, seja ela utilizada na função controle da empresa ou divulgada para todos os públicos interessados.

Perdi o medo dos números. Agora tenho coragem de lidar com grandes volumes de dados, graças, também, ao domínio de ferramentas computacionais.

Outra coisa que compreendi, com boa profundidade, é o impacto das decisões financeiras na estratégia da organização, nas mudanças organizacionais e no lançamento de novas atividades.

Eu me sinto seguro ao afirmar que domino esses temas. E creio que me sentiria seguro ao trabalhar com eles. Nunca pude proferir uma afirmação como essa após algum dos meus 6 semestres em uma das melhores escolas de administração do Brasil. Lá, também aprendi muita coisa, mas o conhecimento quase nunca veio, diretamente, de uma disciplina do curso.

Recentemente, participei de uma simulação de gestão que durou 3 dias. O objetivo era simular a compra de uma pequena empresa, e o jogo incluía negociações com banqueiros e com o proprietário atual do negócio, intepretrados pelo professor. Percebi que, no ensino da gestão, quanto mais próxima da realidade é a aula, mais aprendizado ela propicia.

Mas nem tudo são flores. No quesito avaliação, os franceses estão bastante atrasados. O conceito final do aluno é, normalmente, oriundo do resultado de uma prova cheia de formalidades, ao final de cada disciplina. É proibido deixar qualquer indício de autoria na folha corrigida pelo professor. Os fiscais, atentos a qualquer tipo de fraude, não permitem que o estudante permaneça com a prova um minuto, sequer, depois de terminado o tempo regulamentar. Tamanha paranóia não faz sentido em um ambiente onde todos querem aprender.

Acabo de voltar do exame de Controle Orçamentário. Eu sabia absolutamente tudo, mas não tive tempo de redigir a minha interpretação completa sobre a situação orçamentária descrita na prova, pois levei quase duas horas para realizar os cálculos, mecânicos, que eram necessários. O grande problema de uma prova assim é que ela não é prova de nada. Dentro das empresas, os cálculos são feitos por softwares especialistas ou módulos de ERPs. Na pior das hipóteses, eu teria direito ao Excel! E a interpretação teria de ser acompanhada de planos de ações, baseados em informações específicas sobre a organização.

Está na hora de aproximarmos as escolas de gestão da realidade, mesmo no que diz respeito às notas. O ideal seria que, ao final de cada período, o aluno fosse avaliado segundo os resultados de uma tarefa executada no mundo real. Poderia ser um projeto, um estágio, um emprego, uma consultoria, ou qualquer outra coisa que acontecesse no plano da realidade.

(Sugestão de Leitura: Henry Mintzberg - MBA? Não Obrigado)

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Pétanque

Se exitisse um leitor-padrão do meu blog, ele, certamente, estaria me perguntando porque eu não posto [acento diferencial numa palavra que nem existe: isso nunca existiu] com maior frequência [agora sem trema]. Eu responderia, então, que não tenho encontrado assunto para publicar.

Vivo uma vida de imersão, como propus a mim mesmo antes de vir à França. Descobri, no entanto, que as vidas de imersão são vidas normais, só que em outro lugar. E, com isso, perdi a noção do que é interessante para quem lê meus textos no Brasil.

Será que o fato de eu ter jogado pétanque, um esporte tradicional francês, é interessante?

Será que meu leitor-padrão quer saber que a pétanque (vídeo aqui) é uma espécie de bocha francesa, onde duas equipes se enfrentam com o objetivo de arremessar a bola metálica que acaba a rodada mais perto da bolinha que é jogada antes de todas as outras?

Olha a cena, é estranho.



A foto foi tirada na Noite da Pétanque do IAE. Eu e meus colegas praticamos esse esporte desafiante durante algumas horas. E não é que eu joguei bem? Protagonizei o lance mais incrível do torneio, quando retirei, utilisando a última bola da minha equipe, a bola vencedora da equipe adversária, que estava grudada atrás da bolinha-alvo. Meu lançamento provocou uma curva na bola, que se chocou contra o projétil adversário de maneira a mandá-lo para longe. Minha equipe, que já estava sem esperanças, venceu a partida instantaneamente. Ninguém acreditou.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Brasil

Estive no Brasil durante as festas de final de ano, visitando família e amigos no Rio Grande do Sul.

Foi interessante sentir o gostinho do choque cultural que terei no dia em que eu voltar, definitivamente, ao país.

Quando pisei no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, onde fiquei por algumas horas para pegar meu voo para Porto Alegre, notei, feliz, que a população brasileira é mais negra e colorida do que eu lembrava.

Mais negra porque quase todo brasileiro tem um pouco de DNA africano. Eu mesmo tenho um ancestral daquele continente.

Mais colorida porque as roupas são coloridas, a voz é alta e os movimentos mais intensos. E como isso é bonito!

Resolvi, então, tentar criar, em uma madrugada na casa dos meus pais, uma música que expressasse essa beleza. Mas, como meu equipamento não permitiu que eu registrasse o som da guitarra, gravei só a bateria eletrônica, usando um programa chamado Rebirth. E voilà a batida brasileira/igoriana que saiu.