domingo, 19 de julho de 2009

Novo Blog

Acabo de lançar meu novíssimo blog:

www.igoroliveira.com

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Twitter

Sou o mais novo usuário da rede de microblogs Twitter. Para ver o que eu escrevo (em inglês), é só acessar o http://twitter.com/mrigoroliveira .

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Juste Milieu

Aconteceu, na última segunda-feira, a apresentação final dos trabalhos da disciplina de Métodos de Criatividade, mencionada no meu post anterior. A cadeira, que acabou sendo a melhor surpresa que tive no IAE de Grenoble, trouxe à tona, nesse último encontro, uma reflexão que considero extremamente importante: o equilíbrio entre o fornecimento de insights criativos e a elaboração de planos de ação concretos e detalhados. A cada sessão de 15 minutos, grupos de estudantes exibiam combinações diferentes desses dois componentes, com o objetivo de impressionar a empreendedora que havia confiado à classe a tarefa de elaborar um plano de comunicação para sua agência de trabalho temporário.

Minha equipe posicionou-se no extremo criativo do conjunto de trabalhos, e conseguiu, ao contrário daquelas que se colocaram no outro lado, arrancar bons elogios do júri. Foi, no entanto, a última exposição do dia que convenceu a todos. Demonstrando uma coerência inédita, combinada com um nível de ousadia próximo ao do meu grupo, os sete estudantes que fecharam a rodada fizeram o professor evocar uma expressão que me pegou desprevenido: o tal juste milieu significa (de uma maneira que só a língua francesa pode dizer) a obtenção de soluções equilibradas e sensatas. Em história da arte, o vocábulo denomina um movimento da pintura do final do século XIX que procurava um meio-termo entre os estilos impressionista e acadêmico. Encontrar o juste milieu é a maneira francesa de resolver as coisas que, segundo o mestre, está sendo perdida ao longo das gerações.

De volta para casa, cheguei à seguinte conclusão: a própria existência dessa cadeira é uma solução juste milieu. A interação da universidade pública com empreendedores é uma experiência em que cada uma das partes tem de se adaptar um pouco para aproveitar o que o outro lado tem de positivo. E como essa experiência gera um aprendizado interessante!

Ontem, saindo da biblioteca, encontrei uma edição da Revista de Administração da USP na prateleira do pegue e leve. Entre os longos títulos dos artigos publicados, na capa do periódico, está "Avaliação de competências requeridas aos trabalhadores da informação: análise da experiência com a seleção de alunos para programa de iniciação científica." Não li o artigo, afinal o título não me atrai. Mas tive a impressão de que alguns professores de administração do meu querido país ainda precisam encontrar seus juste milieus, assim como muitos de seus colegas espalhados pelo planeta.

Que fique claro: não sou um defensor da privatização das escolas de administração das universidades públicas brasileiras. Creio apenas no bem que o contato com a realidade das empresas, ONGs e entidades governamentais propicia a mestres, alunos e organizações. Tive outra excelente experiência com o Professor Paulo Motta, da EA/UFRGS, em um trabalho realizado em um Tribunal.

Deixo para você, caro leitor, dois desafios: refletir sobre os efeitos da academização [que bela indústria, a academia!] do ensino de gestão no Brasil e encontrar uma solução juste milieu para o problema da proibição da cobrança nos cursos de pós-graduação da UFRGS.

Lendo: Lester Brown - Plan B 3.0

Ouvindo: Frank Zappa - Hot Rats
John Cage - Sonatas and Interludes for Prepared Piano
Marcelo Camelo - Sou

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Já pensou?

Logo que vim para a França, em agosto do ano passado, surgiu uma polêmica na Universidade Federal do Rio Grande Sul a respeito da pintura não-autorizada de uma parede com a frase "Pra que(m) serve teu conhecimento?". Como bom cidadão, não apóio a utilização de meios ilícitos e a depredação do patrimônio público. Considero que a estudante que pintou a parede poderia ter conseguido um impacto ainda maior com seu protesto se procurasse maneiras de difundir sua mensagem sem descumprir a lei.

Meio ano depois, confortavelmente adaptado à Universidade francesa, eu tenho dito que falta, aos meus colegas do IAE, uma dose de pensamento crítico. A questão formulada pela manifestante gaúcha serviria perfeitamente para a reflexão dos futuros gerentes franceses. A maioria deles não tem a menor ideia do que quer fazer com as ferramentas que recebe e jamais questiona os métodos empregados pelos professores em sala de aula. Só sabem que querem ganhar algum dinheiro, suficiente para manter o conforto em que vivem.
É uma falta de ambição generalizada, uma ausência completa de vontade de transformar a realidade. Acabarão desempenhando funções burocráticas em empresas cujos acionistas jamais conhecerão.

Quase todas as disciplinas que fiz até agora são ministradas de maneira a manter um fluxo de informação unidirecional. Professor fala e aluno escuta. Quando há alguma apresentação feita por um grupo de alunos, o grupo fala e o resto escuta. E anota. E escuta.

Há alguns dias, o Vedana me recomendou um vídeo do Luli Radfahrer, professor da ECA-USP, que conta, entre muitas outras coisas, que esse modelo unidirecional de aula é coisa dos tempos de escassez de informação, e que hoje, no mundo da Wikipedia, o grande desafio é selecionar a informação.

No caso da gestão, que é uma atividade humana, e não uma ciência, não faz nenhum sentido ministrar uma aula que não envolva prática nem troca de experiência. Como eu já mencionei em um post anterior, acredito que os professores deveriam propor desafios reais a seus alunos. Na cadeira de Métodos de Criatividade, uma deliciosa exceção à mesmice descrita acima, teremos que elaborar um plano de comunicação inovador para uma agência de trabalho temporário aqui de Grenoble, que também contratará profissionais (a serem batidos) para a realização da tarefa. É uma proposta de curso que rompe com a lógica da escola que acaba com a criatividade.

Melhor ainda seria incentivar projetos que causassem transformação social. Os estudantes ganhariam experiência e contribuiriam com causas importantes ao mesmo tempo. Já pensou?

Assistindo:
Sangue Negro, de Paul Thomas Anderson
Outro vídeo recomendado pelo Vedana, sobre a realidade das salas de aula universitárias

Ouvindo:
Steve Reich - You Are Wherever Your Thoughts Are

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Cidades

Sou uma criatura urbana. Gosto de observar a ocupação dos espaços, a organização dos serviços públicos, as soluções que as coletividades encontram para fugir da lógica devastadora que assombra a maioria dos grandes centros.

É verdade que a cidade onde eu vivo é um ótimo exemplo de planejamento, de convergência de interesses e de mobilização política. Grenoble é um grande centro de inovação, com um dos melhores sistemas de transporte público do mundo e uma capacidade de planejamento impressionante.

Mas o brilho de Lyon é incomparável. A terceira maior aglomeração da França (a Grande Lyon tem um milhão e trezentos mil habilitantes) é simplesmente bliss! Maior potência econômica desse velho país, a cidade elegeu um prefeito do Partido Socialista nas últimas eleições. Isso não impediu, no entanto, que a agenda de incentivo ao empreendedorismo, com título em inglês (ONLY LYON) e inspiração liberal, fosse mantida e aperfeiçoada pelo olhar crítico da nova gestão.

Tudo em Lyon enche os olhos. A metrópole, fundada em 43 a.C. pelo senador romano Lucius Plancus, mantém um bairro medieval e renascentista comparável ao de Veneza, mas não deixa de polir seus arranha-céus. O investimento em cultura faz qualquer queixo cair. Berço da invenção do cinema, Lyon abriga uma infinidade de museus temáticos, duas orquestras de nível internacional, o único teatro de alto padrão unicamente dedicado à dança do planeta, além de muitas outras coisas que eu nem tive tempo de ver.

Passei o dia na cidade, com o objetivo principal de assistir à ópera O Jogador, adaptação de Prokofiev para o romance de Dostoiévski. O ambiente era interessante, e o espetáculo era extremamente ensaiado e cheio de nuances. A Orquestra da Ópera de Lyon tem um maestro japonês e carismático (ao contrário de alguns outros), mas não me comoveu tanto quanto a feirinha de livros à beira do rio Ródano e a subsequente refeição em um restaurante de comida regional.

Cidades, boas cidades, são pura arte.


Lendo:
Umberto Eco - Como Viajar com um Salmão (versão francesa, comprada na feirinha de Lyon, e bem complementada pelo filme Os 12 trabalhos de Asterix).

Ouvindo:
Jimi Hendrix - Live at the Isle of Wight
Yann Tiersen - Tabarly (trilha sonora do documentário homônimo)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Prova de quê?

Estudar na França é melhor do que estudar no Brasil. Estudar no IAE de Grenoble é mais proveitoso do que estudar na EA/UFRGS.

Em 5 meses de aulas, tenho a impressão de que já aprendi muito mais do que aprenderia em um ano no Brasil. Falo da quantidade de informação retida pelo meu cérebro e da quantidade de habilidades adquiridas. Sim, porque as aulas do IAE são muito mais densas, e os professores parecem falar com mais confiança e embasamento. Além disso, as matérias que escolhi têm um conteúdo mais técnico, se comparadas com aquelas que fiz no Brasil.

Entre as competências que eu avalio ter alcançado está a capacidade de gerar e de interpretar, com razoável lucidez, qualquer informação financeira, seja ela utilizada na função controle da empresa ou divulgada para todos os públicos interessados.

Perdi o medo dos números. Agora tenho coragem de lidar com grandes volumes de dados, graças, também, ao domínio de ferramentas computacionais.

Outra coisa que compreendi, com boa profundidade, é o impacto das decisões financeiras na estratégia da organização, nas mudanças organizacionais e no lançamento de novas atividades.

Eu me sinto seguro ao afirmar que domino esses temas. E creio que me sentiria seguro ao trabalhar com eles. Nunca pude proferir uma afirmação como essa após algum dos meus 6 semestres em uma das melhores escolas de administração do Brasil. Lá, também aprendi muita coisa, mas o conhecimento quase nunca veio, diretamente, de uma disciplina do curso.

Recentemente, participei de uma simulação de gestão que durou 3 dias. O objetivo era simular a compra de uma pequena empresa, e o jogo incluía negociações com banqueiros e com o proprietário atual do negócio, intepretrados pelo professor. Percebi que, no ensino da gestão, quanto mais próxima da realidade é a aula, mais aprendizado ela propicia.

Mas nem tudo são flores. No quesito avaliação, os franceses estão bastante atrasados. O conceito final do aluno é, normalmente, oriundo do resultado de uma prova cheia de formalidades, ao final de cada disciplina. É proibido deixar qualquer indício de autoria na folha corrigida pelo professor. Os fiscais, atentos a qualquer tipo de fraude, não permitem que o estudante permaneça com a prova um minuto, sequer, depois de terminado o tempo regulamentar. Tamanha paranóia não faz sentido em um ambiente onde todos querem aprender.

Acabo de voltar do exame de Controle Orçamentário. Eu sabia absolutamente tudo, mas não tive tempo de redigir a minha interpretação completa sobre a situação orçamentária descrita na prova, pois levei quase duas horas para realizar os cálculos, mecânicos, que eram necessários. O grande problema de uma prova assim é que ela não é prova de nada. Dentro das empresas, os cálculos são feitos por softwares especialistas ou módulos de ERPs. Na pior das hipóteses, eu teria direito ao Excel! E a interpretação teria de ser acompanhada de planos de ações, baseados em informações específicas sobre a organização.

Está na hora de aproximarmos as escolas de gestão da realidade, mesmo no que diz respeito às notas. O ideal seria que, ao final de cada período, o aluno fosse avaliado segundo os resultados de uma tarefa executada no mundo real. Poderia ser um projeto, um estágio, um emprego, uma consultoria, ou qualquer outra coisa que acontecesse no plano da realidade.

(Sugestão de Leitura: Henry Mintzberg - MBA? Não Obrigado)

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Pétanque

Se exitisse um leitor-padrão do meu blog, ele, certamente, estaria me perguntando porque eu não posto [acento diferencial numa palavra que nem existe: isso nunca existiu] com maior frequência [agora sem trema]. Eu responderia, então, que não tenho encontrado assunto para publicar.

Vivo uma vida de imersão, como propus a mim mesmo antes de vir à França. Descobri, no entanto, que as vidas de imersão são vidas normais, só que em outro lugar. E, com isso, perdi a noção do que é interessante para quem lê meus textos no Brasil.

Será que o fato de eu ter jogado pétanque, um esporte tradicional francês, é interessante?

Será que meu leitor-padrão quer saber que a pétanque (vídeo aqui) é uma espécie de bocha francesa, onde duas equipes se enfrentam com o objetivo de arremessar a bola metálica que acaba a rodada mais perto da bolinha que é jogada antes de todas as outras?

Olha a cena, é estranho.



A foto foi tirada na Noite da Pétanque do IAE. Eu e meus colegas praticamos esse esporte desafiante durante algumas horas. E não é que eu joguei bem? Protagonizei o lance mais incrível do torneio, quando retirei, utilisando a última bola da minha equipe, a bola vencedora da equipe adversária, que estava grudada atrás da bolinha-alvo. Meu lançamento provocou uma curva na bola, que se chocou contra o projétil adversário de maneira a mandá-lo para longe. Minha equipe, que já estava sem esperanças, venceu a partida instantaneamente. Ninguém acreditou.