quinta-feira, 31 de julho de 2008

Viajei

Cheguei. E, depois de incontáveis horas sem dormir, ainda tive energia para andar pela cidade, com a ajuda do Sidinei, um gaúcho que faz doutorado aqui em Grenoble.

Grenoble é linda. A cidade é cercada por três grandes montanhas que fazem com que sempre fique um background alpino no olhar de quem anda pelas ruas. Ao final de cada avenida sempre há uma montanha.

Pena que ainda não posso fotografar nada. Não consegui comprar uma câmera, mas o farei nos próximos dias.

Conheci o campus universitário, e o que vi foi uma universidade pública, mas moderna. Prédios que, por fora, parecem atirados, são bem conservados por dentro. O ambiente é extremamente agradável, com muita grama, árvore e trenzinho circulando.

É muito bom andar pelas ruas com africanos, árabes, chineses. Em alguns momentos, tive a impressão de estar em um pequeno mundo, comprimido na pequena cidade, agora um pouco deserta devido às férias de verão. Conversei com uma senhora portuguesa que vive aqui há quarenta anos. Ficou feliz ao ouvir o som do português do Brasil, falado por mim e pelo Sidinei.

Ao mesmo tempo, começo a entender meus desafios para os próximos meses. Terei de superar a burocracia francesa, a saudade das pessoas do Brasil, o custo de vida elevado e tudo mais. Mas só estando aqui para entender outro fator bastante importante: a tensão que existe em relação a estrangeiros. Apesar de ela não ser nada agradável, considero interessante pensar nas razões de sua existência. Lembrei-me dos sans papiers de Vitor Hugo, e do filme Caché, um dos meus preferidos.

Calor em Grenoble. Aqui, às onze e meia da noite, já são cinco horas mais tarde do que no Brasil. Ouço a ópera Porgy & Bess, dos irmãos Gershwin, na versão de Miles Davis.

6 comentários:

Jardel Flach disse...

Igor... quase me sinto ae no teu lugar pela maneira que tu narra a tua vivência...
Tu eh um bom "history teeling"... boa definição pra quem curte esses termos em inglês... hehehe
Lerei sempre o que tu atualizar neste blog!
Abração...

Unknown disse...

(Ana, a Mama, usando a conta da Betina)Esse é meu filho em Grenoble. Um observador e um cidadão do mundo. Mas depois ele volta pra trabalhar pelo Brasil. Ou, como acabou de falar o Barriga, ele não precisa estar no Brasil pra trabalhar pelo Brasil.

AS disse...

Ae, Chrigor! Boa sorte por aí! Já sentimos a tua falta.
Aliás, esse teu texto está deveras poético! Tu tinhas que ir pra França pra que a gente pudesse conhecer esse teu lado? hehehe
Divirta-se por aí!
Beijos!

Yumi disse...

Que bom que vc chegou bem, ve se aproveita bem aí ^___^
Beijos

Fe disse...

Querido! Bom ler post teu, espero que não percas o hábito de nos manter informados! Concordo com a Anna, deveras poético, mas compreensível pela quantidade de inspiração visual (e auditiva, com o velho Miles) que estás recebendo. Cá estou na cidade caótica de São Paulo, subindo lombas e ainda assim invejando as montanhas a cada avenida daí. Assim que der, compra esta câmera que nos faz falta ver teu rosto em contexto com a paisagem =)
Muita saudade já, aproveita o francês e também a diversidade.
Beijo!

baldus disse...

Eitcha nóis! E eu achava que o preconceito francês contra estrangeiro era o óbvio cidadão do outro lado do canal. Mas então é generalizado? Dureza.
Mas se ao menos forem como os alemães, que valorizam a pessoa que pelo menos se nota o esforço de tentar falar a língua da pátria, já será melhor.
E nem mencione isso das montanhas ao fundo em qualquer vista. Eu vejo a Redenção.