Assumindo minha ignorância, resolvi comentar [graças ao
blog do Rafa] o
vídeo hilário da candidata à vice-presidência dos Estados Unidos, Sarah Palin. Trata-se de um amontoado de mal-entendidos entre a dama republicana em questão, que também é governadora do Alasca, e a apresentadora da CBS, que mantém um tom meio-irônico-meio-eleição é coisa séria. A candidata, numa lição de etnocentrismo estúpido, afirma que sua principal credencial para atuar na política externa americana é a proximidade do Alasca com a Rússia. O problema é que ninguém entende o que ela quer dizer com
proximidade.
Assim, pretendo usar toda a minha capacidade analítica para descobrir a posição real da Rússia no globo. Não sou ousado o bastante para tentar achar
Kaliningrado. A Rússia
típica já basta. Tenho três hipóteses.
1) A Rússia fica, mesmo, ao lado do AlascaA hipótese número um é reforçada pela presença de três seres tipicamente russos em território estadunidense, durante diferentes momentos. Tais indivíduos aproveitaram a
proximidade entre as duas nações para emigrar para a terra maravilhosa.
George Gershwin e seu irmão Ira são minhas lendas preferidas da música norte-americana. Filho de judeus russos, George praticamente inventou o jazz, com muita influência da música clássica russa, nos anos 20 e 30 do século XX.
Igor Ansoff, autor de
Corporate Strategy (1965), levou aos EUA a maneira eslava de planejar e possibilitou a emergência dos Estados Unidos como potência do
management.
Motta, meu professor na EA/UFRGS. Como consultor do governo norte-americano, levou o planejamento governamental para a NASA e para USAIDS por volta de 1970. Coisa de russo, diziam os ianques.
2) A Rússia é aqui
Minha lista de benefícios recebidos do governo francês é longa. Estudo na universidade pública, sou bolsista, moro em uma residência estudantil subsidiada, almoço em um restaurante universitário subsidiado. Mas isso não é tudo. Tenho assistência médica gratuita, utilizo o moderno sistema de transporte público de Grenoble e, de quebra, assisto a concertos financiados pelo governo francês. Alguns deles incluem degustação de iguarias locais ao final do espetáculo.
Com uma presença estatal tão forte, a França é candidata a ser Rússia.
Uma das disciplinas que frequento na Universidade trata do sistema tributário francês. Lá, eu descobri que a França inventou um tipo de
imposto sobre o valor adicionado que foi adotado por dezenas de países. É o tal do imposto único que os políticos brasileiros ainda vão levar algum tempo para aprovar.
3) A Rússia está em todo lugar
Os russos fizeram um
tour pelo mundo e deixaram seus traços por aí. Os que ficaram na França são os mais ortodoxos.
A secretária do meu curso só pode ser russa. Provocou uma confusão burocrática enorme por não entender, desde o início da minha estadia no
IAE, que eu sou um estudante estrangeiro em regime especial. Tive que usar toda a minha técnica de negociação internacional para não pagar as taxas que são cobradas dos estudantes que pretendem adquirir um diploma de financista-mecânico carimbado, do jeitinho que russo gosta.
Quando me apresento para alguns franceses, digo que sou russo. Eles acreditam. Igor Czermainski...........
(
Richard Wright - Night of a Thousand Furry Toys)